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reconstrução
[francisco noronha]

2022
PRT




30.06 — 15h45
→ casa comum, Q&A com o realizador
[12 min, exp]


programa competição
sessão #materiais


O momento em que o jovem casal de O Fim do Mundo (Basil da Cunha, 2019) se evade para um passeio num prado idílico no topo de uma colina, último reduto de Natureza para os amantes à margem da cidade, somos remetidos para o passeio de Júlio e Ilda no clássico do cinema português Os Verdes Anos (Paulo Rocha, 1963). E, daí, para uma putativa história do cinema português contada a partir deste locus particular. Colinas de abrigo para os amantes, eis um lugar paradoxal entre o escapismo e a introspecção que marcará todo o cinema português moderno desde o Cinema Novo. O refúgio destes casais é, reflexamente, sinal de um território em mudança, de um país-em-obras. É a cidade a assomar e a engolir, paulatinamente, quais gauleses, os campos ao redor, convertendo-os em arrabaldes e zonas esquecidas, movimento sintonizado com o processo de urbanização da Europa desde o pós-2.ª Guerra Mundial, e de que o neo-realismo italiano foi original testemunha. Este vídeo-ensaio propõe uma reflexão sobre esta “genealogia das colinas” do cinema europeu e, em particular, do cinema português.


língua: sem diálogo