The Time is Now, que tem estreia mundial nesta edição do festival, é um filme sobre música, arquitetura e paisagem. Mais do que contar a história de ativismo antinuclear do duo japonês de música experimental IRO e de suas influências no free jazz, na música étnica, no punk, no xamanismo e no xintoísmo, o filme evoca um sentimento ecológico holístico. A performance musical da dupla (Toshio and Shizuko Orimo) é emoldurada pelo magnífico edifício do Seminário de Música de Tokyo, de autoria do mestre-arquiteto japonês Takamasa Yosizaka. A “arquitetura-filosófica” do edifício, localizado em meio às montanhas do subúrbio de Hachioji, e a música dissonante da banda se fundem à paisagem para ecoar uma espiritualidade panteísta na relação do ser humano com a natureza.
O que é uma cidade aberta? Trata-se de um tipo de cidade baseada numa visão holística e poética do mundo. É uma cidade livre dos princípios urbanos modernos de perenidade, finalidade, produtividade e ordenação; uma cidade utópica elaborada por arquitetos e artistas; cidade processual, construída pelos que chegam, com casas impermanentes que acolhem as intempéries da natureza em vez de bloqueá-las, com hospedarias para errantes e espaços para a criação artística. Ideia inspirada pela ágora grega, com cemitério público e anfiteatro que devolvem ao povo o direito à urbis; cidade onde o desenho e a transformação gradual do lugar se dão com base em traços fornecidos pela arte, não em projetos racionalistas. Essa é a história de A Poetic to Inhabit sobre o estado atual da Cidade Aberta de Ritoque, próxima a Valparaíso, no Chile, experiência iniciada nos anos 1970, inspirada pelo poema “Amereida”, texto que evoca um desejo de ser sul-americano e uma nova origem poética para a América.
The Time is Now
Heidrun Holzfeind
Áustria, Japão, Suécia, 2019, 19’
Documentário Programa
Estreia Mundial
A Poetic to Inhabit
Caroline Alder e Damien Faure
Chile, 2018, 59’
Documentário Programa Oficia
Estreia Portuguesa